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BIODANÇA, MEMÓRIA E VIDA



16 de outubro de 2011

O Baile de Ettore Scola

Muito bom um dia chuvoso para ver filmes em casa. Aí vai mais um filme maravilhoso. É história contada por meio da música, da dança, dos olhares, expressões, vestuários, encontros.  Esta primeira cena do filme é uma preciosidade. Com expressões e atitudes nos mostra  a ansiedade que antecede ao baile.O filme não precisou de diálogo e disse muito! A seguir a cena 2 do filme. Esta cena termina com retorno a 1930. Vale à pena ver!




Muito bom o comentário que encontrei no site da Facasper de uma aluna do curso de jornalismo. Ela divide seu comentário em seis bailes relacionando cada um com o momento socio político vivido pelos franceses de 1930 a 1983. Confiram:

Um baile para lembrar a história
Por Ana Lídia Viaro, aluna do 1º ano de Jornalismo

O Baile, de Ettore Scola

(...) “O Baile” conta a história da França e se passa em um salão construído nos anos 1930. Esse período foi caracterizado em gestos, atitudes e expressões da classe trabalhadora; a ocupação nazista, durante a Segunda Guerra Mundial; a libertação da França pela força dos aliados; a musicalidade de Glenn Miller; a chegada do rock’n’roll; a invasão dos estudantes no abandonado salão de baile. O musical foi premiado com o César nas categorias de Melhor Diretor, Filme e Música (Vladimr Cosma) e com o Urso de Prata no Festival de Berlim.

O filme começa com um baile em 1983, em que são lembrados os bailes anteriores. As mulheres entram primeiro e a maioria se olha no espelho, depois se sentam e passam a observar uma a uma, rememorando importantes momentos vividos, todas com um estranhamento no olhar. Os homens vêm em seguida, entram juntos e dirigem-se ao bar. Trocam olhares com elas e cada olhar tem uma história diferente.

A primeira recordação é de um baile ocorrido em 1936, quando surge a Frente Popular dando força à classe trabalhadora. Esse movimento foi uma resposta à crise social, econômica e também moral e cultural da França no começo de 1930 em que os operários tiveram a oportunidade de reivindicar seus direitos. Essa frente (1936-1937) teve curta duração devido à falta de preparação do líder pacifista Léon Blum para uma provável guerra, já que Hitler governava a Alemanha desde 1933 e iniciava sua política para restaurar a plenitude do poder alemão perdido na Primeira Grande Guerra.

O segundo acontecimento é a lembrança da ocupação nazista durante a Segunda Guerra Mundial. Mostra-se o pavor dos parisienses frequentadores do baile ao vivenciarem o bombardeio alemão à cidade em 1940, que era considerada a capital cultural do mundo. Nenhuma mulher aceitou dançar com o militar nazista, que, no fim, bailou com um francês de mesma posição política.

A memória seguinte retoma um baile de 1944, quando Paris é libertada pelas forças aliadas. A cidade foi ocupada pelos alemães desde 1940. Em 25 de agosto de 1944, tropas francesas e americanas libertaram a cidade E por rádio da Inglaterra, o general Charles de Gaulle conclamou seus compatriotas a apoiarem os aliados. No baile, o acontecimento é representado quando o colaborador do militar nazista foi repelido bruscamente do círculo de dança, enquanto um membro da Resistência foi recebido como herói. A felicidade irradiava em cada movimento dos dançarinos.

O quarto episódio retrata a explosão da música americana, no estilo Glenn Miller, um dos artistas de maior venda entre 1939 e 1942 e líder de uma das mais famosas big bands, como eram conhecidas as orquestras no período. Os triunfos de Miller nos salões de dança eram graças às orquestrações doces executadas meticulosamente. Alguns críticos consideram que o som de Miller representou o paradigma da música popular do seu tempo. No salão, os dançarinos tiveram dificuldades para se adaptarem ao novo ritmo, o jazz que foi trazido por soldados americanos. O baile termina ao som de trombone.

O quinto baile lembrado inicia-se com músicas latino-americanas, que mesmo sendo extremamente empolgante para alguns, também é desinteressante para outros. Para animar a todos, o salão é invadido pelo rock’n’roll (1956), com roupas justas, óculos escuros, cigarro e cerveja que tomam conta do ambiente ao som de Elvis Presley. Sua liberação melancólica e sexual atraía diretamente o público jovem e horrorizava os mais velhos. O baile terminou tragicamente. Os integrantes da banda latina foram embora, já que perderam seu lugar para os rockeiros. Estes também abandonaram o salão por terem gerado confusões. E os dançarinos foram embora ao perceberem que nada mais havia para ser feito aquele dia.

Depois de tantas memórias, antes de chegar ao final, o diretor apresenta no sexto baile uma invasão de estudantes radicais. Eles entram no estabelecimento daquele baile de 1983, como em 1968, ápice do movimento estudantil revolucionário que lutava contra a tradição cultural e até religiosa. Seus slogans eram “é proibido proibir”, “gozar sem freios” e “nem Deus, nem mestre” e defendiam o igualitarismo, a liberdade e a sensualidade.

“O Baile” conta com a fascinante fotografia de Ricardo Aronovich e a maravilhosa música de Vladimir Cosma e Gilbert Bécaud. Scola é ajudado por um elenco inspirado, com destaque para as atuações de Marc Berman e Jean-François Perrier. A década perdida acaba sendo uma grande momento de retrospectiva na história, que termina melancolicamente.

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