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BIODANÇA, MEMÓRIA E VIDA



14 de novembro de 2011

Minhas Tardes com Margueritte

Trailer legendado do filme "Minhas Tardes com Margueritte", com direção de Jean Becker e estrelado por Gérard Depardieu, Gisele Casadesus, Sophie Guillemin e Patrick Bouchitey.

Sensibilidade. Emoção. Desenvolvimento. Aprendizagem. Dificuldades em aprender. Credibilidade (ou descredito) familiar na potencialidade do outro. Bulling. Descrença. Encontro.  Sintonia. Significado. Ser importante para alguem. Resgatar o amor e o desejo. O conhecimento não é para ficar estagnado. É para seguir adiante e alcançar novas vidas, novos significados. Confiança. Vínculo. Amorosidade. Envelhecimento. Solidão. Comunicação. Afeto. Solidariedade.  Delizadeza. Memória. Abandono. Generosidade. Amor. Encontro.

São termos que podem surgir na sua mente ao assitir este filme. Confira!

A Biodanza e a poética do envelhecimento

Trecho da monografia de conclusão de curso de Facilitadores de Biodança
Autores: Helio Diniz e Kathia Pimentel (2007)

Que significa ser velho hoje no Brasil? Sentir-se e ser visto como um indivíduo operativo, aceito, valorizado, integrado? Ou o inverso? Sentir-se e ser considerado de forma substancialmente diferente das crianças, jovens, adultos mais jovens? Ser avaliado e avaliar-se positiva ou negativamente? Enfim, haveria uma resposta única a esta questão? [i]

Uma velhice com vitalidade é a consequência de uma vida bem vivida sob os aspectos da afetividade, da permissão, da ética, das relações sociais. Permitir ser amado traduz a vivência do amor, da afetividade que terá importância fundamental na velhice. O mesmo se diz de encontrar sua turma, de vivenciar de mãos dadas o encontro e a roda, que poderão trazer à tona as possibilidades ainda não vislumbradas.
Rolando Toro, o criador da Biodanza, convida-nos à vivência da afetividade em todas as etapas da vida, quando diz: Temos que nos enlouquecer de amor. Temos que nos abandonar, temos que permitir que nos amem. Temos que unir as mãos em uma cadeia de amor através da qual passe realmente a vida. Este é o sentido da roda, o rito da vida, o ato primordial”.
Esse convite torna-se uma abertura não só para o amor, mas também para a vivência do aqui e agora, vivência intensa de possibilidades, da união, da força do grupo.
Para Fernando Pessoa, em Ricardo Reis, a alienação não otimiza a vida, pois diz ao leitor “Sê todo em cada coisa(...) Põe quanto és no mínimo que fazes(...)Assim em cada lago a lua toda brilha, porque alta vive.”
E ainda o mesmo, em Álvaro de Campos: “Sentir tudo, de todas as maneiras (...). Viver tudo, de todos os lados. (...) Realizar em si toda a humanidade de todos os momentos (...). Num só momento difuso, profuso, completo e longínquo (...)”.
Carlos Drummond de Andrade, incluindo a velhice em seu poema “Mãos Dadas”,[ii] chama atenção para a vida aqui e agora:
Não serei o poeta de um mundo caduco caduco.  Também não cantarei o mundo futuro. Estou preso à vida e olho meus companheiros.    (...) O presente é tão grande, não nos afastemos.     Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.
Cora Coralina, sobre a importância da convivência e da interação social, diz: “Não sei (...) se a vida é curta ou longa demais para nós. Mas sei que nada do que vivemos tem sentido se não tocarmos o coração das pessoas.” [iii]
A chamada para a integração, consigo, com o outro e com o universo, tomou uma conformação ampla e universal e é incansavelmente apontada pela Biodanza em todas as suas propostas.
Carlos Drummond de Andrade, em seu poema “Os ombros suportam o mundo” [iv], diz:
Pouco importa venha a velhice, que é a velhice?
(...)Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Chegou um tempo que a vida é uma ordem.
Nestes tempos em que a vida é uma ordem, foi possível, nessa experiência, testemunhar que, depois de 60 anos, Marta fez Psicologia, Tereza fez Designer Gráfico, Dora fez Serviço Social, Júlia fez curso de Técnico em Enfermagem, Graça fez pós-graduação e Sílvia escreveu um livro, coisas que nunca haviam feito antes. Esses nomes são fictícios, mas a história de cada uma é verdadeira. Elas tomaram a decisão de percorrer esses caminhos após a participação na Universidade da Terceira Idade.
A Biodanza, para os alunos, veio ampliar as possibilidades de viver o que se tem a viver a cada dia. A sessão de Biodanza tem um ritmo orgânico: a roda reflete a união e a força do grupo (não se está só!); o caminhar é o movimento que fortalece e explicita a autonomia de cada um (posso fazer do meu jeito!); os jogos de vitalidade trazem autoconfiança e alegria (a vida é boa de ser vivida!); a descida da curva da aula centra o participante em seu núcleo de força, na sua identidade, gerada no cerne da espécie humana; os abraços restituem significados renovados sobre cada um dos participantes, sua vida social, sua manifestação de carinho e solidariedade! Tais possibilidades podem ser encontradas no poema que diz:
Deixa os sonhos te levar... Voa alto, vai bem longe. Sonha o que mais te agradar. Pões flores, muitas cores. Estrela, o céu e o mar... Muito amor, muitos sabores... Prá teu sonho enfeitar.” [v]                                                              
“A Biodanza nos permite o acesso à realidade por outra via, por outro canal, outra linguagem; cala nossa fala para ouvir nosso corpo, nosso instinto, nossa emoção... A aprendizagem se faz no próprio ato de viver – a vivência é a vida acontecendo particularmente, singularmente.”[vi]
Em nós, facilitadores a caminho, a ansiedade e a responsabilidade nos traziam à tona inúmeras preocupações. Que vivências promover nas aulas? Que músicas? Que ritmo? Que linhas de vivência trabalhar? Que cuidados providenciar com relação à profundidade, ao tempo, ao contato? Poderiam, os idosos, dar conta de uma aula de Biodanza? Estariam bem adaptados? E nós, estaríamos prontos para sermos facilitadores?
Muitas indagações surgidas antes e depois de cada aula estruturada, muitos erros e acertos vivenciados com consciência e reflexão tornaram-se, com o tempo, fontes de aprendizagem no transcurso desse caminho.
A reflexão sobre cada dia tornou-se fundamental nos inúmeros encontros para preparação e estudo das aulas. Que crenças nos moviam quando estruturávamos nossos encontros? O que pensávamos do público que atendíamos, considerando a faixa etária não tão distante das nossas? Vislumbramos que todos envelhecem. E nós?!  Nem sempre conseguimos perceber que estamos envelhecendo, desde que nascemos, e mascaramos nossos sentimentos. A distância entre o medo e a nossa metacognição não é muita! Saber sobre si mesmo é saber do medo, da ansiedade, do tremor, do próprio envelhecer. Condizentes com a política do mundo produtivo e jovem, não nos olhamos no espelho, não queremos ver que não somos mais tão jovens, embora nos saibamos produtivos e desejosos da vida!
Remetendo a Cecília Meireles no seu poema “Retrato”, a velhice nos pega no susto, ao nos olharmos, pela primeira vez, no espelho dos olhos de nossos alunos idosos!
Eu não tinha este rosto de hoje,
...
Eu não dei por esta mudança,
tão simples, tão certa, tão fácil:
- Em que espelho ficou perdida
a minha face?[vii]
Que medos, ansiedades, dores, preconceitos temos de nosso próprio envelhecimento? Que antevisões nós fazemos de nossas relações afetivas, de nossa sexualidade, de nossa vida social, da solidão, da convivência, do nosso corpo e organismo quando formos idosos?
Lia Luft afirma que “há poucas décadas alteraram-se nossos prazos e os conceitos sobre juventude, maturidade e velhice. Passamos a viver mais. Nem sempre passamos a viver melhor. Esse me parece um dos mais extraordinários desperdícios da nossa época. Hoje as avós voltaram à escola, dirigem carro, namoram, usam computadores, parecem mais felizes que as avós antigas, mas ainda viceja nosso repúdio à velhice!”[viii]
Concordamos plenamente com a autora! Há, sim, um conflito entre o que a vida nos apresenta na realidade, o que percebemos das possibilidades e o que nos permitimos viver.
Ainda assim, nossas alunas nos ensinaram que o crescimento é incontrolável se existe desejo de viver! Fizeram vestibulares e cursaram cursos de graduação, após, evidentemente, seus 60 anos!
Lya Luft afirma, sabiamente, que uma questão fundamental é o que e quanto nós nos permitimos. Destacamos a omissão sábia do advérbio quando, na perspectiva da permissão e da temporalidade, pois, enquanto estamos vivos, estamos aprendendo! Cada momento vivido traz o impacto do novo, fortalecendo ou renovando nossos valores internos.
Neste momento, já nem nos damos conta se estamos falando das alunas de Biodanza da Universidade da Terceira Idade ou de nós, facilitadores! Nossos espaços internos, nossas crenças construídas nos limitam ou nos libertam na mesma intensidade!
Deparamo-nos com a indagação: que linhas de vivência trabalharemos com este grupo? Vitalidade? Afetividade? Criatividade? Sexualidade? Transcendência? Curiosidade, insegurança, observação, conhecimento permeiam o momento de planejar. Como os idosos lidam com sua sexualidade? Que dor, que alívio trarão as vivências propostas em transcendência? Em que degrau colocar a criatividade?!
Neste caminho, nossas crenças podem nos direcionar. O que pensamos sobre as possibilidades e limites do envelhecimento? O impacto causado pela realidade do próprio envelhecer gera sentimentos e conduz nossas ações para maior ou menor permissão em estarmos vivos e integrados a novas oportunidades da vida. Aceitar o envelhecimento é voltar-se para si e se encontrar no outro. É momento de sabedoria e generosidade como transmissores culturais vivos que somos. E Luft, mais uma vez, nos responde: “O espaço interior é necessário para a permanente recriação de si mesmo. São os aposentos que deveriam ser mais generosos e iluminados. Ali poderíamos analisar o trajeto feito, conferir nossos parâmetros, repensar os amores vividos e os projetos possíveis”. [ix]
A Biodanza propõe a vivência intensa das possibilidades. Considerando o próprio reconhecimento como ser único, fortalece a identidade e, ao mesmo tempo, dirige-se ao outro e ao universo. Um caminhar gradativo que permite adaptações e adequações, mudanças de rumo, novos caminhos, trilhados com leveza, com entusiasmo, com sensibilidade.
Consideramos uma experiência gratificante a fala da aluna M. A. ao repórter da TV Universitária: “Estou me sentindo mais bonita! Estou sim, podem acreditar! Mais bonita, mais animada, de bem com a vida!”, referindo-se às aulas de Biodanza inseridas no programa de atividades da Universidade da Terceira Idade.
Nossa experiência com os grupos nos levou a reflexões profundas sobre a vida, o envelhecer, o preconceito, a solidariedade intergeracional, a permissão conferida a si mesmo para viver intensamente tudo o que a vida proporciona, os aspectos socioculturais que interferem na qualidade de vida do idoso e na nossa qualidade de vida como representantes que somos dos que desejam a vida, que desejam o amor, que não se furtam à oportunidade de dançar a vida.
Considerando a relação entre a Biodanza e o envelhecimento, estamos seguros de nossas crenças quanto às possibilidades de pessoas idosas agirem e transformarem suas vidas e, ainda, da contribuição da Biodanza na vivência da autonomia, das condutas  saudáveis, da alegria de estar vivo.
Biodanza tem a ver com a paixão de estarmos vivos. Não foi por acaso que seu criador, Rolando Toro, genial em sua construção teórica e prática, disse que a vida se faz em função da própria vida. O universo existe porque a vida existe. É só a esse fio de vida que queremos nos apegar e soltar nossas vozes, algumas vezes finas, delicadas, frágeis. Nelas, toda a história se repete e nos faz atualizados pelo contato e vivência do passado, da reorganização e adaptação do presente.
Vislumbra-se, então, uma nova concepção de envelhecimento que, diferentemente de doença, não impõe limites às vivências, mas cuidados e adaptações. As degenerações acontecem, mas não são causas da desconstrução das possibilidades. Reconhecendo-se na alegria de ser o que se é, a pessoa passa a valorizar o instante vivido, ampliando a sua conexão com a vida. Para nós, o caminho continua, pois ainda há muito que aprender e construir. Este foi só o começo de uma forte experiência chamada vida!
[i] NERI, Anita Liberalesso. Envelhecer num país de jovens. Campinas: Editora da Unicamp, 2001.p.31.
[ii] http://www.memoriaviva.com.br/drummond/poema019.htm
[iii] http://www.pensador.info/autor/Cora_Coralina/
[v] TOMISCH, H. Cryseida. Devaneios.  In: CARVALHO, D. & PIMENTEL, K. (org) Café com Poesia. Governador Valadares: Editora Univale, 2005.  A autora foi aluna da Universidade da Terceira Idade, UNIVALE.                                                                      

[vi] VIOTTI, Liliana Santos. BARROS DE CARVALHO, Gerson. A Empresa no tempo do Amor. Belo Horizonte: Editora Fênix, 1997. p.45.  
[vii] http://www.geocities.com/fedrasp/retrato.html

[viii] LUFT, Lya. Perdas e ganhos. Rio de Janeiro: Editora Record, 2003. p.130.
[ix] P. 117.

16 de outubro de 2011

O Baile de Ettore Scola

Muito bom um dia chuvoso para ver filmes em casa. Aí vai mais um filme maravilhoso. É história contada por meio da música, da dança, dos olhares, expressões, vestuários, encontros.  Esta primeira cena do filme é uma preciosidade. Com expressões e atitudes nos mostra  a ansiedade que antecede ao baile.O filme não precisou de diálogo e disse muito! A seguir a cena 2 do filme. Esta cena termina com retorno a 1930. Vale à pena ver!




Muito bom o comentário que encontrei no site da Facasper de uma aluna do curso de jornalismo. Ela divide seu comentário em seis bailes relacionando cada um com o momento socio político vivido pelos franceses de 1930 a 1983. Confiram:

Um baile para lembrar a história
Por Ana Lídia Viaro, aluna do 1º ano de Jornalismo

O Baile, de Ettore Scola

(...) “O Baile” conta a história da França e se passa em um salão construído nos anos 1930. Esse período foi caracterizado em gestos, atitudes e expressões da classe trabalhadora; a ocupação nazista, durante a Segunda Guerra Mundial; a libertação da França pela força dos aliados; a musicalidade de Glenn Miller; a chegada do rock’n’roll; a invasão dos estudantes no abandonado salão de baile. O musical foi premiado com o César nas categorias de Melhor Diretor, Filme e Música (Vladimr Cosma) e com o Urso de Prata no Festival de Berlim.

O filme começa com um baile em 1983, em que são lembrados os bailes anteriores. As mulheres entram primeiro e a maioria se olha no espelho, depois se sentam e passam a observar uma a uma, rememorando importantes momentos vividos, todas com um estranhamento no olhar. Os homens vêm em seguida, entram juntos e dirigem-se ao bar. Trocam olhares com elas e cada olhar tem uma história diferente.

A primeira recordação é de um baile ocorrido em 1936, quando surge a Frente Popular dando força à classe trabalhadora. Esse movimento foi uma resposta à crise social, econômica e também moral e cultural da França no começo de 1930 em que os operários tiveram a oportunidade de reivindicar seus direitos. Essa frente (1936-1937) teve curta duração devido à falta de preparação do líder pacifista Léon Blum para uma provável guerra, já que Hitler governava a Alemanha desde 1933 e iniciava sua política para restaurar a plenitude do poder alemão perdido na Primeira Grande Guerra.

O segundo acontecimento é a lembrança da ocupação nazista durante a Segunda Guerra Mundial. Mostra-se o pavor dos parisienses frequentadores do baile ao vivenciarem o bombardeio alemão à cidade em 1940, que era considerada a capital cultural do mundo. Nenhuma mulher aceitou dançar com o militar nazista, que, no fim, bailou com um francês de mesma posição política.

A memória seguinte retoma um baile de 1944, quando Paris é libertada pelas forças aliadas. A cidade foi ocupada pelos alemães desde 1940. Em 25 de agosto de 1944, tropas francesas e americanas libertaram a cidade E por rádio da Inglaterra, o general Charles de Gaulle conclamou seus compatriotas a apoiarem os aliados. No baile, o acontecimento é representado quando o colaborador do militar nazista foi repelido bruscamente do círculo de dança, enquanto um membro da Resistência foi recebido como herói. A felicidade irradiava em cada movimento dos dançarinos.

O quarto episódio retrata a explosão da música americana, no estilo Glenn Miller, um dos artistas de maior venda entre 1939 e 1942 e líder de uma das mais famosas big bands, como eram conhecidas as orquestras no período. Os triunfos de Miller nos salões de dança eram graças às orquestrações doces executadas meticulosamente. Alguns críticos consideram que o som de Miller representou o paradigma da música popular do seu tempo. No salão, os dançarinos tiveram dificuldades para se adaptarem ao novo ritmo, o jazz que foi trazido por soldados americanos. O baile termina ao som de trombone.

O quinto baile lembrado inicia-se com músicas latino-americanas, que mesmo sendo extremamente empolgante para alguns, também é desinteressante para outros. Para animar a todos, o salão é invadido pelo rock’n’roll (1956), com roupas justas, óculos escuros, cigarro e cerveja que tomam conta do ambiente ao som de Elvis Presley. Sua liberação melancólica e sexual atraía diretamente o público jovem e horrorizava os mais velhos. O baile terminou tragicamente. Os integrantes da banda latina foram embora, já que perderam seu lugar para os rockeiros. Estes também abandonaram o salão por terem gerado confusões. E os dançarinos foram embora ao perceberem que nada mais havia para ser feito aquele dia.

Depois de tantas memórias, antes de chegar ao final, o diretor apresenta no sexto baile uma invasão de estudantes radicais. Eles entram no estabelecimento daquele baile de 1983, como em 1968, ápice do movimento estudantil revolucionário que lutava contra a tradição cultural e até religiosa. Seus slogans eram “é proibido proibir”, “gozar sem freios” e “nem Deus, nem mestre” e defendiam o igualitarismo, a liberdade e a sensualidade.

“O Baile” conta com a fascinante fotografia de Ricardo Aronovich e a maravilhosa música de Vladimir Cosma e Gilbert Bécaud. Scola é ajudado por um elenco inspirado, com destaque para as atuações de Marc Berman e Jean-François Perrier. A década perdida acaba sendo uma grande momento de retrospectiva na história, que termina melancolicamente.

Alexandria. Filme de Alejandro Amenábar.

Este filme conta a história de Hypátia, que, diferente das mulheres de sua época queria estudar, pesquisar, pensar a filosofia, a astronomia e a matemática. O filme tem como pano de fundo a destruição da Biblioteca da Alexandria por motivos religiosos. Vale a pena ver. Entretanto, é chocante conhecer esta versão da história que implica o início do cristianismo e como as mulheres eram marginalizadas naquela época.


Trecho do comentário do blog Psiquê
http://lucarn.blogspot.com/2011/03/alexandria-critica-do-filme.html

O filme relata a história de Hipátia (Rachel Weisz), filósofa e professora em Alexandria, no Egito entre os anos 355 e 415 da nossa era. Única personagem feminina do filme, Hipátia ensina filosofia, matemática e astronomia na Escola de Alexandria, junto à Biblioteca. Resultante de uma cultura iniciada com Alexandre Magno, passando depois pela dominação romana, Alexandria é agitada por ideais religiosos diversos: o cristianismo, que passou de religião intolerada para religião intolerante, convive com o judaísmo e a cultura greco-romana.

Hipátia tem entre seus alunos Orestes, que a ama, sem ser correspondido, e Sinésius, adepto do cristianismo. Seu escravo Davus também a ama, secretamente. Hipátia não deseja casar-se, mas se dedica unicamente ao estudo, à filosofia, matemática, astronomia, e sua principal preocupação, no relato do filme, é com o movimento da terra em torno do sol.

Mediante os vários enfrentamentos entre cristãos, judeus e a cultura greco-romana, os cristãos se apoderam, aos poucos, da situação, e enquanto Orestes se torna prefeito e se mantém fiel ao seu amor, o ex-escravo Davus (que recebeu a alforria de Hipátia) se debate entre a fé cristã e a paixão. O líder cristão Cyril domina a cidade e encontra na ligação entre Orestes e Hipátia o ponto de fragilidade do poder romano, iniciando uma campanha de enfraquecimento da influência de Hipátia sobre o prefeito, usando as escrituras sagradas para acusá-la de ateísmo e bruxaria.

No filme a atriz Rachel Weisz interpreta uma (...) mulher que não compreende a origem de tanta raiva entre os homens e simplesmente tenta canalizar as suas energias para algo de bem (...).

24 de setembro de 2011

Une liaison pronographique



Uma Relação Pornográfica  Título original: (Une Liaison Pornographique)
Lançamento: 1999 - França
Direção: Frederic Fonteyne
Atores: Nathalie Baye, Sergi Lopez, Jacques Viala, Paul Pavel.
Duração: 80 min
Gênero: Drama

Filme fantástico que conta a história de um casal que se conhece por meio da internet. Encontram-se para realizar uma fantasia sexual. Entretanto, o mundo não fica entre as 4 paredes do hotel. Ele se expande. A relação cresce. O contexto entra na história, os objetivos mudam como também os sentimentos em tempo inesperado. E então acontece o grande engodo, a inferencia inadequada. Tudo se esvai... O filme não tem nada de pornografico e tras à tona aqueles equívocos comandados pelo nosso inconsciente. O pior é pensar que já passamos por situações semelhantes inumeras vezes. Estabelecer uma crença com base em nossos medos...O jeito é não julgar e ter coragem de enfrentar as consequências. Lembrei do Castaneda em Os ensinamentos de d. Juan que dizia que o homem de conhecimento tem 4 grandes inimigos: o medo, a clareza, o poder e a velhice! Na verdade amigos, não foi clareza.... foi um engano! Copiei aqui um link de um comentário feito para a Sociedade Brasileira de Psicanálise de Ribeirão Preto que vale a pena ler. http://www.sbprp.org.br/cinema/poup_uma_relacao_pornografica.htm
Veja o filme, tá?

4 de setembro de 2011

Filme The five senses

Um filme de Jeremy Podeswa com Mary Louise Parke, Pascale Bussières, Marco Leonardi e Nadia Litz.
Focalizando historias interligadas que retratam um de nossos cinco sentidos - tato, olfato, paladar, visão, audição - este filme explora o cotidiano de diversos personagens todos em busca de relações humanas mais profundas. A história se desenrola num período de três dias, nos quais o desaparecimento de uma garotinha é a trama central. Os personagens moram ou trabalham em frente ao parque onde a criança desapareceu.

Algumas frases e situações do filme foram marcantes para mim. Farei uma brevissima descrição relacionando o personagem de cada "sentido":
1. O olfativo (faxineiro): O amor tem cheiro. Se eu sentir saberei que ele me ama.
2. O auditivo (medico oftalmologista): Estava perdendo a audição e fez uma lista de sons que queria ouvir para fazer um arquivo em sua memória. Há muitos modos de ouvir. Há outras coisas para ouvir.
3. A massagista (tato): Nunca tocava a filha. Ao terminar a trama aliviou-se deixando a água da chuva molhar as suas mãos e reconciliou-se com a filha tomando-a pelas mãos.
4. Os visuais (os adolescentes): Uns gostam de ver outros de serem vistos.
5. O italiano (paladar) ama uma mulhar que faz bolos de aniversário sem sabor. Para ela o sabor não tem importância se o bolo for bonito.

Este casal (5) nos surpreende pelo que acontece com eles. Pode ser que aconteça com vários de nós: fazer a inferência errada e não se permitir experimentar o amor.

Os cinco sentidos nos remete à ideia de que só podemos nos conectar com o mundo por meio das relações humanas.  

Biodança na FEAD - Curso de Odontologia

No dia 31 de agosto foi realizada a Aula de Biodança para alunos do Curso de odontologia da FEAD. Participaram 27 alunos e a professora da disciplina. Esta atividade foi integrada ao Estágio III, uma disciplina que tem como objetivo a atuação em diversos ambientes fora da faculdade. Desta vez o objetivo foi o "cuidar".
O desenvolvimento da aula supõe um inicio com músicas que ativam o sistema nervoso simpático despertando a vitalidade e integração com o grupo levando gradativamente a atuação parassimpatica do organismo. Pode ocorrer então um momento de integração consigo mesmo e o "sentir" profundamente a importância de cuidar de si, do ambiente e do outro.
A Revista Pensamento Biocentrico (www. pensamento biocentrico.com.br) no artigo Aspectos da Metodologia em Biodança, de Agostinho Mario Dalla Vecchia diz que  a metodologia da Biodança prevê a indução de vivências de integração, pois elas implicam uma imediata e profunda conexão do indivíduo consigo mesmo. “O fenômeno da aprendizagem envolve todo o organismo e não apenas as funções corticais” (TORO, 2002:29). Ocorre nos níveis cognitivo, vivencial e visceral, que estão neurologicamente relacionados e podem condicionar-se reciprocamente. Quando um aprendizado compreende estes três níveis, os relativos comportamentos resultam integrados. (http://www.pensamentobiocentrico.com.br/content/ed01_art01.php.)
Para o criador da Biodança, Rolando Toro, vivência é uma sensação intensa de viver o “aqui e agora”, com um forte componente cenestésico. Estes fundamentos reforçam nossos objetivos na aplicabilidade das aulas de Biodança para cursos da área da saúde. É o aprender com a vivência, integrando a mente (os conhecimentos adquiridos para a atuação profissional), o coração (fazer com amor, realizar-se) e a atitude ética. 
Continundo a citar o professor Dalla Vecchia, no mesmo texto citado acima, a Biodança propõe uma epistemologia e uma teoria da consciência absolutamente inovadoras e revolucionárias, e o centro dessa “revolução” considera essencialmente o conceito de vivência. Uma epistemologia baseada na vivência pode conduzir não só a uma consciência essencial da realidade, mas, também à sabedoria que consiste na relação com o mundo, na integração dos ser com o cosmo.
O que esperamos é que a biodança possa contribuir com vivências que envolvam uma tomada de atitude baseada em alementos éticos nos 3 níveis de integração: consigo mesmo, com o outro e com o cosmos.

Biodança na Faculdade Pitágoras - integração e vitalidade

No dia 27 de setembro, foi realizada a Aula de Biodança para alunos da Faculdade Pitágoras em Contagem. Participaram alunos dos Cursos de RH e Finanças. Inicialmente apresentamos uma aula expositiva para compreender os fundamentos da Biodança. Esta parte é   importante pois estando em uma faculdade, instituição ensino, pesquisa e extensão o saber sobre algo visto cientificamente abre portas a facilitar a aplicabilidade do tema. Após esta introdução, já no clima, pois os alunos se encontravam sentados em pequenos colchões espalhados pelo chão da sala, iniciamos a vivência. O objetivo da aula foi o encontro, a integração do grupo, a vitalidade e alegria.
É interessante constatar o que dizem as autoras do artigo Processos afetivos-corporais ressignificando a postura de educadores, na Revista Pensamento Biocêntrico: A vivência regular de biodança proporciona ao participante a superação das dissociações entre o sentir, o pensar e o agir que são fatores que desencadeiam a ansiedade e as tensões tão freqüentes no meio profissional. Isso se faz através da percepção corporal. Ao descobrir seu próprio corpo, há uma abertura a novas possibilidades: transformação do que é preciso transformar e a qualificação no modo de viver a partir da sensação do bem-estar, pois “o corpo não sabementir quando se move” (FUX,1996, p.74). (in http://www.pensamentobiocentrico.com.br/content/edicoes/revista-11-03.pdf)
Nossos objetivos com as aulas de Biodança na faculdade é, também, criar o espaço para o sentir, pensar e agir com base no principio biocêntrico que rege esta metodologia: a vida é o centro! 

15 de agosto de 2011

Assisti o Filme A Árvore da Vida de Terrence Malick. Bonito e confuso, questiona a fé e inicia um processo de indagações filosóficas sobre a vida. Belas imagens. Vale à pena ver. Gostei.

A Árvore da Vida (The Tree of Life)

Elenco: Brad Pitt, Sean Penn, Joanna Going, Fiona Shaw, Pell James, Crystal Mantecon, Jessica Chastain, Lisa Marie Newmyer, Jennifer Sipes, Tamara Jolaine, Jackson Hurst.
Direção: Terrence Malick
Gênero: Drama
Duração: 138 min.
Distribuidora: Imagem Filmes
Estreia: 12 de Agosto de 2011
Sinopse: 'A Árvore da Vida' aproxima o foco na relação entre pai e filho de uma família comum, e expande a ótica desta rica relação, ao longo dos séculos, desde o Big Bang até o fim dos tempos, em uma fabulosa viagem pela história da vida e seus mistérios, que culmina na busca pelo amor altruísta e o perdão.
http://cinepop.com.br/filmes/arvoredavida.php

31 de julho de 2011

Encontros de aposentados

Conectados com o mundo de forma ética, ecológica e a capacidade de agir com autonomia reflexiva e consciente.


De acordo com os pilares da educação do futuro, definido por um grupo internacional de educadores e coordenado pelo francês Jacques Delors, através da UNESCO, a educação para o séc. XXI deve desenvolver as seguintes habilidades:

Aprender a conhecer e compreender o mundo, com a busca do prazer de descobrir, de aprender, de viver dignamente.

Aprender a fazer através da experiência, dos elementos mediadores, da elaboração dos conhecimentos prévios, com a facilitação da autonomia no contexto da aprendizagem e da vida.

Aprender a viver junto, com o estímulo da valorização das diversas culturas, a construção de uma atitude de cooperação social, de ética e cidadania.

Aprender a ser, com a consideração das dimensões biopsicossociais das pessoas.

“Os avanços regulamentados pelo Estatuto do Idoso, no ano de 2003, os pilares da educação do futuro e as novas tendências pedagógicas parecem falar desse ser humano que pode considerar a felicidade um bem importante para sua vida.”


Estar em sintonia consigo, com o outro e com o universo. Estabelecer o seu grupo, vivenciar momentos de prazer e alegria, convivência e saúde andam juntas. As atividades culturais e de lazer proporcionam:

- a reflexão e tomada de atitudes  que resultem em saúde e longevidade;
- atividades de lazer e cultura;
- confraternização entre os participantes;
- outros, de acordo com a demanda.

Entre em contato e solicite uma proposta para seu evento. 
Veja o Encontro de Aposentados da Usiminas

30 de julho de 2011

Encontro de aposentados da Usiminas

A saúde na maturidade é também responsabilidade de cada um foi o tema do Encontro realizado no dia 30 de junho, na AAPCEU - Associação dos Aposentados e Pensionistas da Caixa dos Empregados da Usiminas. O local escolhido para sediar o evento foi o AEU, um belo clube da Usiminas situado na Pampulha. Participaram cerca de 40  pessoas, com uma programação diversificada que durou de 8h30 às 18h30. Para a AAPCEU o projeto foi divido em encontros que receberam os nomes das estações do ano, tendo em vista que a cada estação ocorre um fenômeno ligado à agronomia, à ecologia, alimentação e gestação que pode ser comparado à nossa vida: uma constante situação de mudanças, ganhos, perdas, adaptações, comemorações, despedidas e reinício a cada dia. O evento realizado foi o da ESTAÇÃO OUTONO – cuidando do plantio. Para encerrar o evento foi feito uma aula de Biodança que mobilizou o encontro, a afetividade e vitalidade dos participantes.

Leia mais sobre o evento no informativo da AAPCEU: http://www.aapceu.com.br/informativos/2011/diagramacao_julho2011.pdf

Livro: EnvelheSer, Reflexões e Práticas

Organizado à partir da experiencia dos professores da UNITI, Universidade da Terceira Idade da UNIVALE, o livro EnvelheSer, Reflexões e Práticas (2006) tem o seu prefácio escrito pela Dra Anita Liberalesso Neri, psicóloga, professora da UNICAMP. Aborda temas como: Ação educativa com idosos; idade e aprendizagem: mitos e verdades; e motricidade e envelhecimento; o trabalho, as pessoas e a aposentadoria; sexualidade; promoção de qualidade de vida; nutrição na terceira idade; educação biocêntrica e programas educacionais para idosos, entre outros.

29 de julho de 2011

Encontro sobre o filme: Como água para chocolate

Filme: como água para chocolate. 1992. México.

O encontro para assistir o filme aconteceu enriquecido pelo  calor dos amigos, ao sabor de delicioso vinho, comidinhas e muito carinho. Este encontro foi, na verdade, uma tarefa do Curso de Modelo de Ajuda, teve como objetivo entender o filme, exercer o cuidado e atenção, além de destacar as qualidades das pessoas significativas (alguns personagens do filme).


Alguns depoimentos

De Kathia Pimentel:
Quero agradecer por ontem. O encontro para assistir o filme COMO ÁGUA PARA CHOCOLATE foi uma delícia. Foi lindo! Minha casa ainda tem aquele clima gostoso da presença de vocês aqui. Cada um fez tudo com tanto cuidado - pão delicioso e lindo; flores amarelas; vinhos; queijos; salgadinhos deliciosos; coberta para esquentar na hora do filme; caldinho quente para o final da noite...


De Rodrigo Liboni:
Uma questão interessante, que também percebi, é que o ato de cozinhar era um ato de nutrição amorosa, tanto que quando ela ficou doente emocionalmente, parou de cozinhar e foi reanimada por um caldo que tinha um significado de reconstituição do seu eu mais íntimo, podemos dizer um caldo numinoso. Abraços.


De Braulio Bittencourt:
Um ninho delicioso, com pessoas encantadoras, aprendizado mágico e genuína troca de afeta: eis a receita para uma noite perfeita. Obrigado por ser uma anfitriã tão maravilhosamente acolhedora.


De Valéria Fernandes:
O melhor de ver o  filme com vocês foi que ele se eternizou pra mim. As várias leituras, percepções e compreensões sobre o amor, a renúncia, as escolhas, enfim sobre os diferentes papeis que assumimos na vida são fundamentais neste momento em que estamos aprendendo a realmente nos conhecer e virar pessoa significativa na vida de cada um.
Legal é perceber que nós nos preparamos para estar junto na partilha. Cada um de nós foi buscar um jeito de valorizar o encontro. Uns escolhendo vinhos maravilhosos, outros foram pra cozinha destilar bem querer no pão, no caldo.... outros foram buscar nos mercados algo que agradasse aos paladares. Enfim cada um levou para o encontro a sua proposta de nutrição.
E naquela noite fria, aquela sala preparada com tanto carinho, nos acolheu abraçados, distribuindo carinhos, em comunhão. Penso que pra acessar raízes tão profundas e despertar sentimentos tão poderosos precisávamos mesmo partilhar um filme que tratasse do tato, do contato, dos sonhos impossíveis e depois possíveis, do olfato, do paladar, do toque, da raiva, do medo, da esperança.... por que pra isso vivemos e por isso ousamos estar juntos.


De Fernanda Ulhoa:
O filme mexeu muito comigo e agora, este seu lindo email: estou muito emocionada. Obrigada pelo encontro, pelo aconchego, pelo filme, aquele caldo delicioso - e todo o seu carinho conosco. Beijão, Fernanda.


De quem não foi, por Flavia Pereira:
Tenho certeza que o encontro foi uma delícia... fico até imaginando todos naquela sua casa tão gostosa e aconchegante,no calor daquela sala tão acolhedora, bem a vontade, olhando de perto suas lindas ervas, bem à maneira dos grandes amigos, sob os olhos uns dos outros, tão cúmplices!
Uma mesa cheia de comidinas deliciosas, preparadas por cada um com tanto amor e carinho... deve ter sido mesmo um encontro lindo!!!! Repleto de cores, cheiros, afetos e sabores.... o tempero perfeito para o final de um dia!!!!
Agora vou me despedir, pois vou  sair pra comprar uma pimenteira e o pé de arruda? Porque, definitivamente, eu não vou mentir, dá uma inveja!!! rsrs
" A aventura da vida é aprender.
O propósito da vida é crescer.
A natureza da vida está a mudar.
O desafio da vida é a superação.
A essência da vida é cuidar.
A oportunidade da vida é servir.
O segredo da vida é ousar.
O tempero da vida é a amizade.
A beleza da vida está a dar.
A alegria da vida é o amor....
Bjs amorosos e bem temperados pra todos!!!


De quem não foi: Liliana Viotti (a professora do Modelo de Ajuda)
Não sei se vocês sabem, mas sou uma cozinheira de mão cheia (uma mão cheia!!!). Entre os 5 pratos que sei fazer, um é codornas ao molho de rosas. Quem sabe será nosso menu do último módulo??? Adoraria ter estado com vocês ...Vamos falar mais sobre o filme no nosso encontro, com amor, Liliana

23 de julho de 2011

Conversando sobre a biodança

Conversando sobre a Biodanza
Kathia Pimentel

Meu objetivo neste artigo é falar sobre a Biodanza (pronuncia-se Biodança) que, considerando o sentido morfológico da palavra, pode ser chamada também de “dança da vida”: bio=vida e dança= movimento pleno de sentido.
Conheci a Biodanza por volta de 1990, a convite de uma amiga. Foi uma surpresa participar daquele encontro tão afetivo, forte, acolhedor. Foi e continua sendo, uma aprendizagem de compartilhar, de cuidar, de olhar o outro com solidariedade. Uma verdadeira motivação para a vida! Fazer alguns exercícios foi especialmente desafiador para mim devido, entre outras coisas, à rigidez muscular gerada pelas tensões originárias das responsabilidades do dia a dia. Com o tempo e entrega às vivências isso foi melhorando e fui me sentindo mais solta, mais confiante, gerando conseqüências positivas em minha maneira de ver a vida. Em 2003, fui convidada por um amigo a fazer o Curso de Formação para Docente de Biodanza. Este curso veio inicialmente como um presente e, aos poucos, foi se configurando em um caminho diferenciado para minha vida.

Considero que a Biodanza seja uma opção de desenvolvimento para todos aqueles que desejam viver uma vida com qualidade, que desejam superar preconceitos, encontrar formas criativas de viver, enfim, um caminho para aqueles que desejam dançar a vida com tudo o que ela tem para oferecer.

Segundo o criador da Biodanza não pretendemos melhorar a qualidade de vida. Somos decididamente mais ambiciosos: pretendemos a felicidade.
O criador da Biodanza é o antropólogo e psicólogo chileno Rolando Toro. Professor de Antropologia Médica na Universidade Católica do Chile nos anos 60, desenvolveu experiências para levantar o ânimo e estimular o potencial criativo de doentes mentais em um hospital psiquiátrico em Santiago.  Em sua proposta Rolando utilizou a música e percebeu que os doentes reagiam diferentemente conforme a música utilizada. Dessa constatação surgiu um profundo estudo de semântica musical aplicada à Biodanza. O método, que anteriormente se chamava psicodança, deu origem à Biodanza com o objetivo de promover a humanização da terapia e da educação e fazer uma contraposição à civilização dos dias de hoje emocionalmente empobrecida, sedentária, sem vínculos verdadeiros e sem criatividade.
Biodanza é, portanto, um sistema de crescimento e integração humana, estimulado pela música, ritmo e emoção. Tem como objetivo promover o desenvolvimento pessoal, aliado ao prazer pela vida. Oferece possibilidades diversificadas de comunicação e proporciona um continente protetor a cada participante, durante as vivências. Todas as vivências de Biodanza realizam-se em grupo. Portanto, não há Biodanza individual.
Mas, o que é vivência? Vivência, no dicionário Michaelis, é o fato de ter vida, de viver, modo de vida, hábitos de vida.  Para a Biodanza, vivência é a sensação intensa de viver o aqui e agora. É algo que acontece no momento, que gera uma emoção, que amplia a percepção de algo em nós mesmos, no outro ou no meio ambiente. A vivência é, pois, o caminho que a Biodanza utiliza para a consciência essencial da realidade e da sabedoria, que consiste na consciência profunda de si mesmo e do mundo.

Uma aula de Biodanza inicia com uma roda de intimidade verbal, onde as pessoas expressam aspectos significativos da aula anterior e como está se sentindo desde então. É um momento de intimidade, que possibilita o conhecimento e integração entre os participantes. Diferentemente de uma terapia de grupo, nesta etapa da aula de Biodanza os participantes não dão feed back pessoal, mas expressam sua integração ao coletivo.

Após a roda de intimidade verbal, iniciam-se movimentos de integração individual e coletiva.  É comum a aula iniciar-se com os movimentos em roda, pois esta tem um sentido de cerimônia, de inclusão e é símbolo de união, de fortalecimento, de igualdade entre as pessoas. Na roda estamos lado a lado, companheiros, solidários. Ao mesmo tempo em que acolhe, o participante é também acolhido pelo outro.

 São inúmeras as rodas vivenciadas em Biodanza: roda de alegria, roda de harmonia, roda de solidariedade, roda de embalo, de olhar, de comunicação, roda de valor, roda final, roda de ativação progressiva, de celebração, entre outras. Vivências significativas são também os caminhares, os movimentos segmentares de pescoço e ombros, os movimentos de extensão harmônica e de extensão máxima, as danças expressivas, livres, circulares e primitivas, entre outras.

As músicas são estudadas e analisadas quanto à sua aplicabilidade a cada exercício.  A dança, movimento pleno de sentido, desde os primórdios da humanidade integra o ser humano consigo mesmo, com seus semelhantes e com as forças da natureza.
Segundo Toro as danças são o pensamento do universo incorporado à existência humana.  Portanto, todas as dimensões da dança despertam no ser humano a ressonância com a vida, a alegria, a sensibilidade, a expressão da identidade individual e do grupo.
Os exercícios de Biodanza:
- Liberam tensões
- Elevam equilíbrio e harmonia interna
- Facilitam a eliminação de sentimentos de culpa
- Fortalecem a identidade
- Restauram a estrutura afetiva

A Biodanza promove o desenvolvimento humano pela facilitação da expressão do potencial genético de vitalidade, sexualidade, criatividade, afetividade e transcendência. O resultado da vivência continuada, geralmente em um encontro semanal, pode ser expresso na auto-estima, no auto-reconhecimento, renovação orgânica, saúde, alegria interior, uma atitude amorosa consigo mesmo e com o outro.

A Biodanza pode ser aplicada em educação, na área da saúde e nas organizações. Seja qual for a área de aplicação, a Biodanza considera essencial estimular a afetividade, mediante a aplicação na educação desde os primeiros anos da vida.

A importância da Biodanza vai além de fazer uma aula prazerosa. Está também em levar o aprendizado das vivências a todas as áreas da vida, melhorando a relação familiar, pessoal, profissional. É comum ouvir dos alunos que passaram a se sentir mais tranqüilos, mais harmonizados e mais felizes. 

Como facilitadora de Biodanza sinto enorme prazer ao ouvir os alunos expressarem sua alegria e bem estar em participar do grupo, pois, ser facilitador é ser o mediador, é ser o jardineiro que cultiva os brotos para a vida ressurgir.

Quando somos alunos, isto é, quando vivenciamos a Biodanza, somos o próprio broto e, quando facilitamos, somos quem cuida do broto – broto que queremos ver frutificar!

Como participante de sessões de Biodanza, estamos vivenciando nossas próprias emoções e permitindo a manifestação de nossos potenciais de vida, a expressão do nosso potencial genético e das capacidades que ainda não percebemos em nós pela repressão cultural, pelos condicionamentos. O grande prazer, nesse contexto, é estar em conexão com este pulsar: ser a dança, ser a música, ser o próprio movimento. Pura emoção de quem se entrega, vivencia, sente e se deixa afetar.

Considero importante acrescentar que o Facilitador de Biodanza tem uma formação sistematizada pela IBF - International Biocentric Foundation. O Curso de Docência em Biodanza dura cerca de três anos, exige elaboração de uma monografia apresentada oficialmente em seminários ou congressos, estágio supervisionado e participação como aluno em um grupo regular.

Bibliografia

1.       DINIZ, Hélio e PIMENTEL, Kathia. A poética do envelhecimento na facilitação de Biodanza para idosos. Monografia apresentada no Curso de Formação em Biodanza. Escola de Biodanza de Belo Horizonte. 2008.
2.       PIMENTEL, Kathia. ORG. EnvelheSer: reflexões e práticas. Governador Valadares: Editora Univale, 2006.
3.       TORO, Rolando. Biodanza. São Paulo: Editora Olavobrás, 2002.
4.       VIOTTI, Liliana Santos e CARVALHO, Gerson Barros. A empresa no tempo do amor: Biodanza nas organizações. Belo Horizonte: Editora Fênix, 1997.

 * Kathia Pimentel é Facilitadora de Biodanza, formada pela Escola de Biodança de Belo Horizonte, Sistema Rolando Toro. É também bióloga, pedagoga, pós-graduada em Psicopedagogia e em Geriatria e Gerontologia. E-mail: kathiapimentel@gmail.com